Natureza morta com fruta
Depois de um dia de chuva arrumo,
no prato do poema, as peras
que saíram da cabeça de uma nuvem,
com um sumo de névoa e caroços
frios como os astros do inverno. Sento-me
em frente da mesa, e outras
nuvens descem do céu para esta
refeição de fruta. Peço-lhes que cortem
as peras com uma faca de granizo;
mas elas cobrem-nas de neve,
como se as quisessem levar a
uma comunhão de domingo. Resta-me,
então, esperar pela primavera; e ver
sair destas peras um ramo de nuvens
brancas, que ponho no céu
onde os pássaros o esperam,
para terem onde pousar.
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