tag:blogger.com,1999:blog-273739122024-03-21T19:21:36.707+00:00A a ZNuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comBlogger300125tag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-18261643654887454372008-08-24T10:06:00.006+01:002008-08-24T17:50:18.742+01:00Luta de classes: O quarto poder<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi81eOsz7drZuC8TF9iWA0bjMxQjCX1AjL7KD_BPfylqxbWIFuUU-88_w2brhslermsyErG2mWoMUTGOHbTnyX3AumqgiR9OoXaJxSOgE4RX1vcRHscPt11GfE9u6kC-63uBCeF/s1600-h/agosto2008+229.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238008323785305346" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi81eOsz7drZuC8TF9iWA0bjMxQjCX1AjL7KD_BPfylqxbWIFuUU-88_w2brhslermsyErG2mWoMUTGOHbTnyX3AumqgiR9OoXaJxSOgE4RX1vcRHscPt11GfE9u6kC-63uBCeF/s400/agosto2008+229.jpg" border="0" /></a><br /><div>Na primeira hipótese, há uma causa</div><div>que obriga a multidão a avançar pela rua,</div><div>sabendo o que tem pela frente. As suas vozes</div><div>esperam que alguém as acorde com uma fórmula</div><div>que dê sentido ao seu movimento; mas</div><div>nem isso é preciso, quando olhamos o conjunto</div><div>e encontramos uma lógica que </div><div>determina cada passo.</div><div></div><div></div><div></div><div></div><div> </div><div>Na segunda hipótese, a expressão do rosto</div><div>transporta uma decisão que ultrapassa o objectivo</div><div>do grupo. Poderia falar-se de uma metafísica</div><div>colectiva, e recorrer à dialéctica do Hegel para</div><div>descobrir esta violência serena que antecede</div><div>o grande combate que o filósofo descreveu como</div><div>simples antítese. A abstracção do raciocíonio</div><div>liberta-nos da realidade.</div><div></div><div></div><div></div><div></div><div> </div><div>O que não vemos é o que está à sua </div><div>frente, e nunca tem rosto. A devastação</div><div>do mundo é, no fundo das coisas, a terceira</div><div>hipótese, mesmo quando uma planta ainda nasce</div><div>no terreiro vazio, depois da batalha.</div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-8899140235217992982008-08-22T10:36:00.003+01:002008-08-22T10:50:56.098+01:00Domingo no campo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgROfVmMeHnwfQyai70r7WQYJdifXV7lTudr_1U8w1dXJYhUr-dbPFZIuLU4vvP6rbAsPwK8-SCb7_NFXmkFaTJ9pwhZKNLV3_zZLo-RwRInv8kjnvuvG8_W55nLEflz7BB4A9C/s1600-h/agosto2008+199.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5237273943514236130" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgROfVmMeHnwfQyai70r7WQYJdifXV7lTudr_1U8w1dXJYhUr-dbPFZIuLU4vvP6rbAsPwK8-SCb7_NFXmkFaTJ9pwhZKNLV3_zZLo-RwRInv8kjnvuvG8_W55nLEflz7BB4A9C/s400/agosto2008+199.jpg" border="0" /></a><br />Aos domingos, quando os sinos tocam<br />de manhã, o que neles se toca é a manhã,<br />e todas as manhãs que nessa manhã<br />se juntam, com os dias da infância que<br />nunca mais acabavam, as casas da aldeia<br />de portas abertas para quem passava,<br />as ruas de terra batida onde as carroças<br />traziam as coisas do campo, os cães que<br />corriam atrás delas, uma crença no sol<br />que parecia ter expulso todas as nuvens<br />do céu, e a eternidade desses domingos<br />que ficaram na memória, com o ressoar<br />dos sinos pelos campos para que todos<br />soubessem que era domingo, e não havia<br />domingo sem os sinos tocarem a lembrar,<br />a cada badalada, que os domingos não<br />são eternos, e que é preciso viver cada<br />domingo como se fosse o primeiro, para<br />que o toque dos sinos não dobre por<br />quem não sabe que é domingo.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-25203615050530776842008-08-19T09:23:00.003+01:002008-08-19T09:38:04.141+01:00Luta de classes: Movimento de massas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYxWd8lyRQPr1VjILKBQPxauZ-p2c07-a4l1jtMb2-rWdJ-0NtlDhWukGB5vv-hzAZX818VqbTcgxAXwUFkR8PaT61bo0RIsCQ8_SaZ-ewfnxFRITRXq5dltT5C5dAobU0dj_L/s1600-h/agosto2008+210.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5236141759334088290" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYxWd8lyRQPr1VjILKBQPxauZ-p2c07-a4l1jtMb2-rWdJ-0NtlDhWukGB5vv-hzAZX818VqbTcgxAXwUFkR8PaT61bo0RIsCQ8_SaZ-ewfnxFRITRXq5dltT5C5dAobU0dj_L/s400/agosto2008+210.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Na sua definição de um movimento de massas,<br />marx não viu a individualidade do sujeito, nem<br />a sua realidade única, como se a pessoa não fosse mais<br />do que uma peça no conjunto que poderia viver<br />sem ela, substituindo-a quando fosse preciso. Mas<br />ao olhar os rostos que fazem parte da multidão,<br />encontro as diferenças que nascem de cada vida, com<br />aquilo que as distingue, do nascimento à morte. Dentro<br />do grupo, porém, essas diferenças esbatem-se: e<br />se a multidão é a tese, cada um desses corpos<br />representa uma antítese que leva consigo<br />o problema que a dialéctica não resolve: dramas<br />e alegrias que não existem para além deles,<br />e que ouço quando me aproximo de cada rosto,<br />como se a tese nascesse de uma surpresa nos olhos,<br />ou na inesperada confidência de um sentimento. Mas<br />marx não precisava de saber o que havia na cabeça<br />de cada um para definir o pensamento colectivo;<br />e a revolução rolou pelos impérios, levando atrás<br />dela os destinos de que nada sabemos.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-40032757590932962552008-08-18T18:19:00.003+01:002008-08-18T18:37:43.080+01:00Luta de classes: O campesinato<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYQmiY-6GsWNZfdZc-y20kmB2BETaix3kSRWjp6pc5kRKfWHh3vwrE-B6HiYg0w68nySqcKgzTZhm-5VAY_I18KB6YaqHGCsuYhDv3v9HxP1vV4vOPaXn8e8orsFw8F5Hv_ahI/s1600-h/agosto2008+209.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5235908952804034674" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYQmiY-6GsWNZfdZc-y20kmB2BETaix3kSRWjp6pc5kRKfWHh3vwrE-B6HiYg0w68nySqcKgzTZhm-5VAY_I18KB6YaqHGCsuYhDv3v9HxP1vV4vOPaXn8e8orsFw8F5Hv_ahI/s400/agosto2008+209.jpg" border="0" /></a> A chave do campo está na mão das mulheres<br />que o lavraram, desfazendo os nós do inverno<br />com a exactidão da pá. Vi estas mulheres no<br />grande caminho da História, perdendo as suas<br />vidas em cada nova colheita. O sol tisnou<br />a sua pele; o frio enrugou os seus rostos. À<br />noite, quando o vento batia nas janelas<br />de madeira, os seus olhos atravessavam<br />a treva e perdiam-se em destinos que<br />não conheciam, como se tivessem outra<br />saída. Ouvi as suas queixas no murmúrio<br />das árvores que as abrigaram; e vi os<br />seus corpos deitados nas igrejas, sem<br />ninguém que os velasse, a caminho da vala<br />comum. Amei-as, sem que o soubessem;<br />e ouço o ruído das pás na terra, quando os<br />seus rostos me atravessam a memória,<br />e o inverno cai sobre a lama dos campos.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-17081170563992752632008-08-17T10:32:00.002+01:002008-08-17T10:49:30.725+01:00Paradoxo natural<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIYD1a5Gl3QFPLFWw9cwjp5i42q5nF062OUtWD_TUPcOipZnzQwyIWRq5-OnNLxmlsGOoCPkl4ZlwNu9rYp34GWzysiOIuMGIFYsHnDiB7t3PojE6Lyu1poGgz7BDm2zZ-vV1s/s1600-h/agosto2008+204.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5235417586824425554" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIYD1a5Gl3QFPLFWw9cwjp5i42q5nF062OUtWD_TUPcOipZnzQwyIWRq5-OnNLxmlsGOoCPkl4ZlwNu9rYp34GWzysiOIuMGIFYsHnDiB7t3PojE6Lyu1poGgz7BDm2zZ-vV1s/s400/agosto2008+204.jpg" border="0" /></a><br />Na luz indecisa que deixa adivinhar<br />a manhã, a névoa que impregna o ar<br />desfaz-se quando os dedos de fogo do sol<br />a limpam, restituindo ao dia<br />a sua transparência. Mas a mulher que<br />ocupa o centro da paisagem não<br />se apercebe da mudança. O seu corpo<br />pertence à terra, e entrega-se<br />ao ritmo subterrâneo das raízes, ouvindo<br />o canto que regula a passagem<br />das estações. Um desejo de sombra apodera-se<br />da sua alma; e conta o tempo que falta<br />para a noite, para se entregar ao silêncio<br />do mundo, no lento eclipse<br />dos sentimentos.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-47263329805407171992008-08-16T22:56:00.002+01:002008-08-16T23:10:41.651+01:00Zoologia marinha<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnHW9Z1kqBmsI360ke7WkBbLPFLJBmF1Im7hxsTVtlWWhfPPk9YZ50X0Fj4CyGnkM1FSBQFM4o_bNB6BN1WwUyh_m_l99EaMxYBPlKOUtIoay12P05APejflPI0VxCBwrGKbZE/s1600-h/agosto2008+200.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5235238039915383826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnHW9Z1kqBmsI360ke7WkBbLPFLJBmF1Im7hxsTVtlWWhfPPk9YZ50X0Fj4CyGnkM1FSBQFM4o_bNB6BN1WwUyh_m_l99EaMxYBPlKOUtIoay12P05APejflPI0VxCBwrGKbZE/s400/agosto2008+200.jpg" border="0" /></a><br />As coisas limitam-se a ser o que são<br />quando as olhamos de frente, como esse cão<br />que enfrentou o céu e não teve resposta.<br /><br />Outras coisas são mais simples do que<br />pensamos, quando as definimos entre o<br />que são e o que não sabemos delas.<br /><br />O cão perdido no areal pode ser uma dessas<br />coisas, quando transforma as ondas na<br />sua matilha, e elas vão atrás dele.<br /><br />Como se as ondas fossem animais,<br />e o mar respirasse pelas suas bocas<br />quando perseguem o cão que as espera.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-33902076159732385362008-08-15T18:31:00.002+01:002008-08-15T18:41:45.865+01:00Tempo fluvial<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhghAyQvyD5SrayvvEK3uJHEipsGxrncSGUS9trXDQ1zzkxxtoe2d16oe3_PTASOnnLTj_qENaXlf1lKrPfRWtvk1DaLVkG0X0dy-Y78VLmzyS_xr0rAJ_cIobwl5aBmhUTCHMP/s1600-h/Tkachev+Alexey+(1922)+Sergey+Alexey+(1925)+Summer,+1991,+oil+on+canvas[1].JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5234798419430059746" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhghAyQvyD5SrayvvEK3uJHEipsGxrncSGUS9trXDQ1zzkxxtoe2d16oe3_PTASOnnLTj_qENaXlf1lKrPfRWtvk1DaLVkG0X0dy-Y78VLmzyS_xr0rAJ_cIobwl5aBmhUTCHMP/s400/Tkachev+Alexey+(1922)+Sergey+Alexey+(1925)+Summer,+1991,+oil+on+canvas%5B1%5D.JPG" border="0" /></a>Se eu definisse o tempo como um rio,<br />a comparação levar-me-ia a tirar-te<br />de dentro da sua água, e a inventar-te<br />uma casa. Poria uma escada encostada<br />à parede, e sentar-te-ias num dos seus<br />degraus, lendo o livro da vida. Dir-te-ia:<br />«Não te apresses: também a água deste<br />rio é vagarosa, como o tempo que os<br />teus dedos suspendem, antes de virar<br />cada página.» Passam as nuvens no céu;<br />nascem e morrem as flores do campo;<br />partem e regressam as aves; e tu lês<br />o livro, como se o tempo tivesse parado,<br />e o rio não corresse pelos teus olhos.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-48607704974005807992008-08-14T19:23:00.002+01:002008-08-14T19:41:39.308+01:00Curso de retórica<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOEm4PnYqa2g0buK2eTf2iFmyI_3JWJPJzWaRg1u4GniX8qqF0mBIpNKi1mEXqq65cmlu7tqKWyBY-CwJvSlYJn39NlijVnlTiF0W7tLmUDbhWmQ80pvVwIijhtfVD-sjJuP-A/s1600-h/agosto2008+198.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5234441289528220882" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOEm4PnYqa2g0buK2eTf2iFmyI_3JWJPJzWaRg1u4GniX8qqF0mBIpNKi1mEXqq65cmlu7tqKWyBY-CwJvSlYJn39NlijVnlTiF0W7tLmUDbhWmQ80pvVwIijhtfVD-sjJuP-A/s400/agosto2008+198.jpg" border="0" /></a> Entra pelo portão da sintaxe, e atravessa<br />o bosque da gramática com as mãos do verbo,<br />rasgando o caminho que te irá conduzir à última<br />frase. Depois, recomeça tudo, embora o portão<br />esteja aberto, e não precises já de o empurrar<br />para descobrir um chão de pontos e de vírgulas,<br />fazendo ressoar os teus passos numa abóbada<br />de sinónimos. Apanha as palavras caídas, e<br />leva-as para o fundo do dicionário, onde<br />as irás juntar a um adubo de sílabas. Vê-las-ás<br />germinar na primavera do verso, e colherás<br />as suas flores no jardim da retórica, entre<br />estátuas de deuses e cascatas. Depois, regressa<br />à página de onde saíste, e fecha o portão.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-38330439013271941192008-08-13T19:36:00.004+01:002008-08-13T20:02:25.365+01:00Vénus obscura<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjFSwP_2yhqi5fRnNB2Ids0bzO9kzbVbnLgCHVm0guy1opXGrzuRwg6NPBl6xHpkgK5pDtpIDIOPl2YX4cKTsimMnEp57gKj2GEQjY7fIyrJotrIPuOExi6GltBCb0fRJ4DijX/s1600-h/agosto2008+184.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5234073324603344562" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjFSwP_2yhqi5fRnNB2Ids0bzO9kzbVbnLgCHVm0guy1opXGrzuRwg6NPBl6xHpkgK5pDtpIDIOPl2YX4cKTsimMnEp57gKj2GEQjY7fIyrJotrIPuOExi6GltBCb0fRJ4DijX/s400/agosto2008+184.jpg" border="0" /></a><br /><div>Avivo a tarde na cal do rosto,</div><div>vendo cada fragmento da sua pele desprender-se</div><div>da memória. E penso nas deusas que</div><div>inspiraram a imagem que nasceu</div><div>desta matéria de pó e gesso: uns olhos que </div><div>rompem o tempo, e me fixam com</div><div>a sua exactidão de nuvem. As palavras</div><div>despem-na de adjectivos, restituindo-a</div><div>a uma pura essência de beleza. O corpo</div><div>ergue-se de uma ruína de sentimentos; a boca</div><div>hesita num silêncio que demora, como se </div><div>não tivesse resposta. O busto oferece </div><div>o seu desenho a um artesanato de sombra. Uma lua</div><div>estremece sob os seus passos, e a noite</div><div>segue-a, num frémito de serpente. Numa paisagem</div><div>de astros, completo a constelação</div><div>dos seus seios com os verdes veios de Vénus.</div><div></div><div></div><div></div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-44744534267482961152008-08-12T10:16:00.003+01:002008-08-12T10:34:40.941+01:00Viagem branca<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ZWArW1rCpg9RjG2O_rLdN05YiuqDysz9Q6gQzLnBWBBwNz_1TJRmfYEJ0EBvzK06iz1OuIkZcD_gJa49JeGYoUtabUR5JozcRgYpppy7VXLo5Peuy3OAWkNxV5KWs21X0lB5/s1600-h/DSC04289.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5233558024131894370" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3ZWArW1rCpg9RjG2O_rLdN05YiuqDysz9Q6gQzLnBWBBwNz_1TJRmfYEJ0EBvzK06iz1OuIkZcD_gJa49JeGYoUtabUR5JozcRgYpppy7VXLo5Peuy3OAWkNxV5KWs21X0lB5/s400/DSC04289.JPG" border="0" /></a>No quarto onde o corpo<br />se prepara para o amor, um suor<br />de imagens escorre do mármore,<br />e o olhar tépido das estátuas<br />impregna-se da sua nudez .<br /><br />Uma barca atravessou o estreito<br />dos seus seios quando o desejo<br />os tocou, e um lume de sensações<br />estendeu-se pela planície<br />devastada de uma alma.<br /><br />Vê uma névoa de murmúrios<br />no horizonte da memória: e<br />dobra esse cabo, seguindo<br />o caminho sem regresso que<br />ritma o bater do coração.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-24209962947360515802008-08-11T09:23:00.002+01:002008-08-11T09:33:15.380+01:00Vigília<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkI1RdapWqp2ubpdXcA8J3mQiXlhvDZY-OlKyq37Uy3eeVETcXQBxWpFkKRi3dlI4ABFfJPiCDJmaFtonmt7nFmFQvApgAOYPv2y9g-mPGPGY1pHl4IWPwtjZW_4q4INdmOZfZ/s1600-h/DSC04291.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5233173277619714802" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkI1RdapWqp2ubpdXcA8J3mQiXlhvDZY-OlKyq37Uy3eeVETcXQBxWpFkKRi3dlI4ABFfJPiCDJmaFtonmt7nFmFQvApgAOYPv2y9g-mPGPGY1pHl4IWPwtjZW_4q4INdmOZfZ/s400/DSC04291.JPG" border="0" /></a><br /><div>Ouvia a música do sonho, e</div><div>um leito de silêncio recebia o seu corpo.</div><div> </div><div>O tempo escorria por entre</div><div>os seus dedos, como água fria.</div><div> </div><div>No campo da sua noite, cresciam</div><div>as roseiras fulvas do verão.</div><div> </div><div>E os seus lábios inventavam</div><div>a húmida escultura do amor.</div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-80277491717288436322008-08-10T15:09:00.003+01:002008-08-10T15:16:17.485+01:00Elegia à luz da tarde<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ-jrDPXkwSATmryRuYhK1NDkMKaUU06BqaNMj02XrsTofSLWs6HtJnwb9UU_VDC-zSvrYJhgENJRXD9btWxUvS5eLDheFD_9BnjneaaS8cHJvSpJFBQuBu19_xWeIFKJRCHoA/s1600-h/DSC04288.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5232891809066560370" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ-jrDPXkwSATmryRuYhK1NDkMKaUU06BqaNMj02XrsTofSLWs6HtJnwb9UU_VDC-zSvrYJhgENJRXD9btWxUvS5eLDheFD_9BnjneaaS8cHJvSpJFBQuBu19_xWeIFKJRCHoA/s400/DSC04288.JPG" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Pensa na substância das coisas,</div><div>na sua brevidade, no apelo de um sentimento</div><div>que se irá transformar em eco quando</div><div>lhe responderes: e afasta de ti</div><div>a noite.</div><div> </div><div> </div><div></div><div>Um dia, a sombra das árvores</div><div>no último jardim acolherá o teu corpo,</div><div>pousando sobre ti as asas do outono,</div><div>para que as tuas mãos se encham</div><div>de terra.</div><div> </div><div> </div><div></div><div>Então, não penses em amanhã,</div><div>quando a tua única certeza é a luz</div><div>do presente, e a tua vida se confunde</div><div>com esse coração que bate no centro</div><div>do instante.</div><div></div><div></div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-30461317127598232412008-08-10T09:58:00.002+01:002008-08-10T10:14:44.333+01:00Voo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhituwQi2yb26f3ZXS4huHSkTxLMzbRKanQcPJSFk29BKOA9XTPLTNVhorjV12g8SnEPv9BSBKNN2s8IIQ_RCSFCHr5jTMdnsKtTb4-9DkLi50gV0XJJ0nX8SweYB8TLUCkqb96/s1600-h/blog2008+039.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5232811131851814242" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhituwQi2yb26f3ZXS4huHSkTxLMzbRKanQcPJSFk29BKOA9XTPLTNVhorjV12g8SnEPv9BSBKNN2s8IIQ_RCSFCHr5jTMdnsKtTb4-9DkLi50gV0XJJ0nX8SweYB8TLUCkqb96/s400/blog2008+039.jpg" border="0" /></a> Um rosto tem o mundo, quando<br />o seu olhar procura o infinito.<br /><br />Nos seus lábios, esconde-se<br />a palavra obscura do início.<br /><br />Os cabelos são a vegetação<br />que cresce na encosta do verso.<br /><br />Um fogo adolescente queima<br />a concha do seu peito.<br /><br />Por vezes, um voo de pássaro<br />cruza o horizonte das suas mãos.<br /><br />E um caçador de instantes<br />captura-o com a flecha do amor<br /><br />- para que se liberte, e leve<br />nas suas asas o grito ardente.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-26527863096718367072008-08-09T16:26:00.003+01:002008-08-09T16:40:50.265+01:00Fragmento de ode<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyhUQP5V6es0j0ikfR0aZ2NYDwRDBl80fu8T0ZYjP1qH5793HTpqtsY4uuGMKlE4fG88WKGYd_F_kaFY7rGGEa4cem7Iinforavng02Yx-2Azq3GHnur-rvq09_NoeBtteM8Jp/s1600-h/blog2008+041.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5232540048674821090" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyhUQP5V6es0j0ikfR0aZ2NYDwRDBl80fu8T0ZYjP1qH5793HTpqtsY4uuGMKlE4fG88WKGYd_F_kaFY7rGGEa4cem7Iinforavng02Yx-2Azq3GHnur-rvq09_NoeBtteM8Jp/s400/blog2008+041.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>Como o esboço de uma rosa,<br />um caule de verão sobe o rio<br />do teu corpo.<br /><br />Os seus remos são versos<br />nesta barca de palavras que<br />procura a tua fonte.<br /><br />E quando te encontrar,<br />a frase do amor abrirá a porta<br />dos lábios.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-34567585369361754552008-08-08T16:52:00.003+01:002008-08-08T16:59:26.325+01:00Luz<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZBJuUVJBPV4EscvkjbrSZ8ZPh2m02bjhjsQPAbCWQ40AXx445-AWsrWFECg58iGzopwuYjPLI_yAXIZuIMhkt3o3FYwRs0Yye1uBozyBV3qF1Y1S5HmA-aHmlJ-9HIj5a8rdy/s1600-h/blog2008+038.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5232175483687971666" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZBJuUVJBPV4EscvkjbrSZ8ZPh2m02bjhjsQPAbCWQ40AXx445-AWsrWFECg58iGzopwuYjPLI_yAXIZuIMhkt3o3FYwRs0Yye1uBozyBV3qF1Y1S5HmA-aHmlJ-9HIj5a8rdy/s400/blog2008+038.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div>A luz desenhou uma paisagem<br /><br />de colinas, irrompeu por entre<br /><br />os vidros de névoa e os panos<br /><br />de lua, abriu os limites que<br /><br />prometiam um perfil de lírios<br /><br />extenuados, dançou a sua<br /><br />loucura num esplendor de fonte<br /><br />- antes que o poente a<br /><br />apagasse, e o teu corpo se<br /><br />libertasse da sua prisão.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-21969470117472903932008-08-07T19:54:00.003+01:002008-08-07T20:10:19.690+01:00Memória<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTYA2Wdi7k1UTf50hhrLFwjs604Dfb3V28mr7Natl8LGfLEfQM9Yk_gT7n10NZ-NobFES9xZ5uCZg7nqT5AqWWIsgSNsY6TVu_b0d0DxawHkaC0Wz7RViYVby2PQRtco-P0dYp/s1600-h/agosto2008+132.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5231851368081633202" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTYA2Wdi7k1UTf50hhrLFwjs604Dfb3V28mr7Natl8LGfLEfQM9Yk_gT7n10NZ-NobFES9xZ5uCZg7nqT5AqWWIsgSNsY6TVu_b0d0DxawHkaC0Wz7RViYVby2PQRtco-P0dYp/s400/agosto2008+132.jpg" border="0" /></a> Nesta casa, um vale encheu a parede; e<br />nesta parede, cresceram árvores, o campo<br />tornou-se verde, e um rio avançou<br />por entre margens frescas, onde<br />me sentei contigo.<br /><br />Mas quando abri a janela, a parede<br />voltou a ser parede, o vale foi substituído<br />pela rua, com gente e automóveis, e<br />o rio levou a tua imagem para<br />o fundo da cidade.<br /><br />E voltei a fechar a janela, para que<br />a barca da sombra te trouxesse de volta,<br />como se os rios corressem para trás, ou<br />a parede não tivesse ficado branca,<br />com a luz reflectida no gesso.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-55238808895558935372008-08-06T19:15:00.002+01:002008-08-06T19:36:46.847+01:00Corpo com analogia<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcN_39-Ixx74ueoa9LKxkHfEOAG8ORJZcDP9XZzvrZIJvRtTfCoK5I1Z1iE5CbQ9uxHOIWCkSgW_2tDhV8CfFPyrMS9C5bvT504PjIbad8pS4Zz8JwDF4qhzeiaLFq9f0Sfavj/s1600-h/DSC04281.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5231470805505074786" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcN_39-Ixx74ueoa9LKxkHfEOAG8ORJZcDP9XZzvrZIJvRtTfCoK5I1Z1iE5CbQ9uxHOIWCkSgW_2tDhV8CfFPyrMS9C5bvT504PjIbad8pS4Zz8JwDF4qhzeiaLFq9f0Sfavj/s400/DSC04281.JPG" border="0" /></a><br />Que vida se encontra no intervalo<br />para que a sonolência te arrasta? Que pensamentos<br />se esvaem por essa fresta entre o real<br />e o sonho? Que pássaro te fugiu das mãos,<br />levando o alimento de um desejo?<br /><br />Não respondas. A resposta, por<br />vezes, encontra-se no fundo obscuro<br />dos olhos que se entreabrem, e deixam<br />ainda o brilho de um dia que passou, e<br />a luz de um céu que se adivinha.<br /><br />Esquece o dia de amanhã. Hoje,<br />é todo o futuro que te resta; e o segredo<br />que guardas nos lábios revela-se, como<br />a chuva se anuncia num céu encoberto,<br />ou o amor na hesitação de um olhar.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-64364523250984797282008-08-05T16:19:00.001+01:002008-08-05T16:22:22.606+01:00Viagem<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEIJOxS8cXGlz6ziGH9cMZdTyzf3EfAi0XEkq4gvsWU3Ocy0soUgD317zL4SmBabPLhsGUS1KG1jo1WEnyb_dw7RCJ4hU4PZmV4xdVd1KlxMghCeAd8L0b5PuNtmh44CX674Ze/s1600-h/DSC04284.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5231054023665502706" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEIJOxS8cXGlz6ziGH9cMZdTyzf3EfAi0XEkq4gvsWU3Ocy0soUgD317zL4SmBabPLhsGUS1KG1jo1WEnyb_dw7RCJ4hU4PZmV4xdVd1KlxMghCeAd8L0b5PuNtmh44CX674Ze/s400/DSC04284.JPG" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Um barco atravessou os teus olhos,</div><div>levando um porão de sonhos para o porto</div><div>do infinito.</div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-81684202332388124662008-08-04T21:56:00.003+01:002008-08-04T22:11:51.788+01:00Poente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxqw_xWAWSL2dWLGZWWtaDvKyM-KGKvSEB2FtcQiK2YOOQ1fHxRL-TT6dL9dXPX-gWtZPBRVmxsRt28x_WGLPcHrO6uljlYFS7qwhaKqxSYHAzrlLO7Sx_d0I_xBvY4VGY2Bhl/s1600-h/DSC04270.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5230769586377191826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxqw_xWAWSL2dWLGZWWtaDvKyM-KGKvSEB2FtcQiK2YOOQ1fHxRL-TT6dL9dXPX-gWtZPBRVmxsRt28x_WGLPcHrO6uljlYFS7qwhaKqxSYHAzrlLO7Sx_d0I_xBvY4VGY2Bhl/s400/DSC04270.JPG" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div>Como sempre, o vento</div><div>caiu ao fim da tarde, com a calma</div><div>branca dos muros; e as horas</div><div>estendiam-se pelo campo,</div><div>como os pássaros do poente.</div><div> </div><div>Mas doíam-me as dúvidas</div><div>que trouxe deste dia; e</div><div>colei-as às flores de uma árvore,</div><div>para que delas nasçam </div><div>os frutos luminosos de amanhã.</div><div> </div><div>De noite, quando me esquecer</div><div>da ondulação verde da terra,</div><div>ouvirei o silêncio - e nas suas palavras</div><div>contarei as sílabas mudas do amor,</div><div>enquanto o mundo não acorda.</div><div> </div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-26940705816528331942008-08-03T10:15:00.002+01:002008-08-03T10:20:14.183+01:00Pose<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu_Nr7DM3A70kf9u6i0Z3-Tp_PFDelmBqr-OdV12cB3iKSvuFqOhvij5R8lAGMsuQhrGnUWaqeJZOBq5NgvQkIhnteojJ_qlnJXE2BjOmYfbx2srXWHQ7t3Ko8fViG1i5YUtcm/s1600-h/DSC04277.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5230217962937764866" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu_Nr7DM3A70kf9u6i0Z3-Tp_PFDelmBqr-OdV12cB3iKSvuFqOhvij5R8lAGMsuQhrGnUWaqeJZOBq5NgvQkIhnteojJ_qlnJXE2BjOmYfbx2srXWHQ7t3Ko8fViG1i5YUtcm/s400/DSC04277.JPG" border="0" /></a>Procuro num atlas de memória<br />a geografia do teu corpo, desenhando<br />os contornos de água, as colinas brancas<br />do outono, os vales onde os viajantes<br />se perdem, rios que nascem de um abismo<br />de fonte. E a sombra de uma nuvem<br />cobre o segredo do teu mapa,<br />para que adivinhe os caminhos, e<br />a viagem se transforme<br />em descoberta.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-73565866357673423612008-08-02T22:36:00.002+01:002008-08-02T22:45:17.833+01:00Guia de mercado<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrUZm8sjEEKyEuI8R45V8UmYvOanAIqoWqnsZsSBDGSdCrvXCVNyMxK1V1yzRDQDbl21pFAv42EDlTzldSAg9KFBorBMiZU__M7kbS-NDEmcsXBkh4dqoZkpt3g6owX79nmlxA/s1600-h/DSC04272.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5230037682151049682" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrUZm8sjEEKyEuI8R45V8UmYvOanAIqoWqnsZsSBDGSdCrvXCVNyMxK1V1yzRDQDbl21pFAv42EDlTzldSAg9KFBorBMiZU__M7kbS-NDEmcsXBkh4dqoZkpt3g6owX79nmlxA/s400/DSC04272.JPG" border="0" /></a> Nos mercados da solidão, sobem<br />de preço os barris: mas podemos comprá-la<br />ao desbarato, ao sair de casa, sem conhecer<br />ninguém.<br /><br />Nos centros comerciais, a melancolia<br />vende-se em sacos de plástico, que se acumulam<br />nos carrinhos das compras, e se arrumam<br />nos frigoríficos da alma.<br /><br />Nas bolsas, sobem as cotações<br />do desespero; mas quem o quiser comprar,<br />encontra sempre um accionista compreensivo<br />para o oferecer a preço de saldo.<br /><br />E quem quiser um amor de empréstimo,<br />só tem de esperar que os juros desçam, e<br />pô-lo a render no banco da esquina, onde<br />a vida é mais barata.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-23485067138810186182008-08-02T15:53:00.002+01:002008-08-02T16:10:42.383+01:00Natureza diurna<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicnLhWDqELHhwKYFrFuen_HmrRHw-pHxC6ZUrVlM5BdKSZoqqYNtIztit0PepF2-qHkXEISA3zwGhO4k0JWzPYunQ-lbyzWGXgSNzM4ulOFdxD-73abNWOPJnHmIJi8ZxEYxh4/s1600-h/DSC04276.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5229933753240640434" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicnLhWDqELHhwKYFrFuen_HmrRHw-pHxC6ZUrVlM5BdKSZoqqYNtIztit0PepF2-qHkXEISA3zwGhO4k0JWzPYunQ-lbyzWGXgSNzM4ulOFdxD-73abNWOPJnHmIJi8ZxEYxh4/s400/DSC04276.JPG" border="0" /></a><br /><div></div>Um dia floresce por trás das sebes,<br />limpando do espírito a penumbra<br />da noite.<br /><br />A luz ensina o privilégio da primavera<br />a quem esqueceu uma ambição<br />de sonho.<br /><br />Uma voz tranquila atravessa o campo,<br />derrama-se na margem do ribeiro,<br />canta o céu.<br /><br />Guardo-a comigo, e ouço bater<br />o coração do azul no seu murmúrio<br />de terra.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-25602568845155449032008-08-01T16:22:00.002+01:002008-08-01T16:36:20.850+01:00Fronteira<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMXZv5QQHsEKm0ehgAvnpRzewhuQvI6GymV54KOaqTd86iGAnY5UY0nNNPHo4C5NYninCAMYT9XkNuiR1mvWvdKMh4b5mkzInW_E1EGSjKPTDD0UGR4dizn-1s62uV1uyrIA52/s1600-h/DSC04271.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5229570542882007778" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMXZv5QQHsEKm0ehgAvnpRzewhuQvI6GymV54KOaqTd86iGAnY5UY0nNNPHo4C5NYninCAMYT9XkNuiR1mvWvdKMh4b5mkzInW_E1EGSjKPTDD0UGR4dizn-1s62uV1uyrIA52/s400/DSC04271.JPG" border="0" /></a><br /><div>Pode ser que haja aqui alguém: o vento</div><div>trouxe um eco da sua voz, o sol ocultou</div><div>a sua sombra, um pássaro saiu espantado</div><div>de dentro dos arbustos. Há lugares que</div><div>guardam a memória de quem neles</div><div>viveu, e o tempo deixa de contar quando</div><div>nos aproximamos das imagens que</div><div>julgávamos esquecidas. As paredes </div><div>em ruína recuperam a sua cor, as</div><div>portas há muito fechadas voltam a abrir;</div><div>e tu surges, o teu rosto, o teu corpo,</div><div>as mãos que seguram o parapeito</div><div>como se o jardim ainda existisse,</div><div>e no horizonte se desenhasse uma </div><div>hipótese de primavera. Depois, volto</div><div>a pisar a erva que substituiu as plantas</div><div>tratadas nos canteiros, e afasto o lixo</div><div>que se acumula junto aos muros, para</div><div>voltar atrás, ao dia de hoje, e respirar</div><div>a melancolia que nasce desta ausência.</div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-89905486212012647152008-07-23T22:12:00.003+01:002008-07-23T22:28:36.133+01:00Metamorfose fluvial<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjbQpZ5zLJg9I5p_Y5OrOAEVhyBzhGxjqAzyi1vWVOnqjgbQMyU71efxhJn8CvVc_o7Xolsofxg1lYmzu0w0psDcvGDTTEbouq9__Bw8nPqPeYIz_5s88qfn30SAsued2_WJe0/s1600-h/DSC04211.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5226320773390837074" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjbQpZ5zLJg9I5p_Y5OrOAEVhyBzhGxjqAzyi1vWVOnqjgbQMyU71efxhJn8CvVc_o7Xolsofxg1lYmzu0w0psDcvGDTTEbouq9__Bw8nPqPeYIz_5s88qfn30SAsued2_WJe0/s400/DSC04211.JPG" border="0" /></a><br /><div></div><div>Estas são as mulheres, levando</div><div>nas mãos os castiçais de fogo da sua manhã,</div><div>subindo uma escada de silêncio para dentro</div><div>das casas de onde vieram, empurrando</div><div>as portas dos rios mais fundos para entrarem</div><div>nos palácios do abismo, e os iluminarem</div><div>com as lâmpadas nuas dos seus corpos. Ouço</div><div>as suas vozes crescerem no interior</div><div>dos montes, num fulgor amarelo de flores</div><div>vagarosas como as mãos que nascem</div><div>dos seus braços. Estas mulheres são imensas</div><div>como as nuvens que atravessam a paisagem,</div><div>e escrevem na página do céu o nome </div><div>dos deuses que as amaram, transformando-as</div><div>em árvores, em astros, em animais</div><div>incalculáveis num prado breve como</div><div>a sua eternidade. Dizem-me que as suas vozes</div><div>são roucas, que os seus cabelos cobrem</div><div>os arvoredos do horizonte, que os seus dedos</div><div>contam os amantes na exaustão da madrugada. E</div><div>empurro-as para o corredor da memória, </div><div>para que se percam numa vociferação de sombras,</div><div>como se não soubessem o caminho do átrio</div><div>onde as espero, e não viessem tapadas</div><div>por um manto de orvalho, gota a gota escorrendo</div><div>dos seus lábios.</div><div> </div>Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-27373912.post-88124754044316540582008-07-18T22:49:00.003+01:002008-07-18T23:12:00.519+01:00Olaria<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs-aAhJsUjWp3iSaQfUyXhe07JhdBEL6oUQIWhIb1NwhKRwlKUFO7BUQrDmwSEH1G5q-PXi42FVn13_a3aU69mW41scr6R_r3hK9WlT8XfZmdnamHEncBRZj-vmEjTSns8u8w5/s1600-h/blog2008+004.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5224474678029491618" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs-aAhJsUjWp3iSaQfUyXhe07JhdBEL6oUQIWhIb1NwhKRwlKUFO7BUQrDmwSEH1G5q-PXi42FVn13_a3aU69mW41scr6R_r3hK9WlT8XfZmdnamHEncBRZj-vmEjTSns8u8w5/s400/blog2008+004.jpg" border="0" /></a><br /><div></div>No lençol do campo, o corpo procura<br />a terra macia que renasce da memória<br />insone. Não ouve os pássaros, nem<br />se oferece a um sol proscrito do seu<br />rosto. Morde a maçã do instante<br />no ofício do desejo, matando a sede<br />que lhe secou os lábios. E o dia sobe<br />nos seus dedos, como o barro, para<br />que deles surja a figura do amor.Nuno Júdicehttp://www.blogger.com/profile/17662435527015163415noreply@blogger.com