Ninfas de água
Alguém as espreita de trás do canavial, sem
que o pressintam; e não sei se é de espanto, ou medo,
a sua expressão, ao entrarem no rio, como
despreocupadas ofélias. Na tarde em que
falei com elas, porém, explicaram-me tudo:
a mais nova, interessa-se pelo Messias,
e estuda a sua relação com a água; a
da frente, prefere a linguística, e
ocupa-se da etimologia das plantas.
No café, não pediram nada: pousavam
os cotovelos sobre a mesa, e eu ouvia-as
falar com o ritmo musical das suas
frases bem articuladas. A noite caíu sem
darmos por isso; e a cortina da porta
transformou-se num arbusto em que
elas se meteram, antes de passarem
por cima de mim para entrar no rio.
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