Rosto
E de súbito o teu rosto que nasce
da pedra, desenhado com o lápis do sol,
amaciado pelos ramos do tempo,
doce como a amêndoa solta da árvore,
suspenso de uma brancura de orvalho.
Sigo as suas linhas com os dedos
da transparência, como se pudesse
apanhar de um espaço de corola
o pólen da distância, e entro nos teus olhos
para uma vindima de rosas.
Quando irei beber esse vinho? Mas
ergo a taça do teu corpo na mesa
da estrofe, e saúdo a vida
que nasce de uma memória
obscura, por entre a nudez
das estações.
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