A a Z

segunda-feira, junho 19, 2006

Rosto



E de súbito o teu rosto que nasce
da pedra, desenhado com o lápis do sol,
amaciado pelos ramos do tempo,
doce como a amêndoa solta da árvore,
suspenso de uma brancura de orvalho.

Sigo as suas linhas com os dedos
da transparência, como se pudesse
apanhar de um espaço de corola
o pólen da distância, e entro nos teus olhos
para uma vindima de rosas.

Quando irei beber esse vinho? Mas
ergo a taça do teu corpo na mesa
da estrofe, e saúdo a vida
que nasce de uma memória
obscura, por entre a nudez
das estações.