Retrato antigo
Num retrato de infância, encontro
os rostos das mulheres que fazem parte
da casa. Uma ciência secreta escorre
dos seus olhos, e os pratos da fruta
acabada de colher amontoam-se
na memória. Não sei como se chamam;
nem as reconheço quando a luz do passado,
que entra pela janela, ilumina
a sua melancolia. Mas lembro-me
das suas mãos que construíam
o tempo numa inércia de conversas; e
ouço a música das estações que
se sobrepôs às suas vidas e as levou,
uma após outra, como as últimas folhas
do outono.
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