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terça-feira, agosto 19, 2008

Luta de classes: Movimento de massas


Na sua definição de um movimento de massas,
marx não viu a individualidade do sujeito, nem
a sua realidade única, como se a pessoa não fosse mais
do que uma peça no conjunto que poderia viver
sem ela, substituindo-a quando fosse preciso. Mas
ao olhar os rostos que fazem parte da multidão,
encontro as diferenças que nascem de cada vida, com
aquilo que as distingue, do nascimento à morte. Dentro
do grupo, porém, essas diferenças esbatem-se: e
se a multidão é a tese, cada um desses corpos
representa uma antítese que leva consigo
o problema que a dialéctica não resolve: dramas
e alegrias que não existem para além deles,
e que ouço quando me aproximo de cada rosto,
como se a tese nascesse de uma surpresa nos olhos,
ou na inesperada confidência de um sentimento. Mas
marx não precisava de saber o que havia na cabeça
de cada um para definir o pensamento colectivo;
e a revolução rolou pelos impérios, levando atrás
dela os destinos de que nada sabemos.