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terça-feira, maio 02, 2006

A banhista dita banhista Valpinçon

Ingres (1780-1867)

A mão direita pousa no lençol, acabado de
usar, e procura o calor de um corpo. Olha para
o travesseiro onde ainda ficou a marca da
cabeça; e não se importa com o que está
para trás, entregando-se à volúpia de
lembrar o instante que acaba de viver. Mas
o pé, num breve desequilíbrio, procura
o chinelo para se calçar; e entre a
melancólica imobilidade que a prende
à cama e o desejo de se levantar, faz
a pausa em que a sua nudez se fixa, para
sempre, como se a cama não tivesse de ser
feita, e o banho não estivesse pronto,
para a lavar da noite.