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sexta-feira, junho 02, 2006

Anna Risi

Lord Frederic Leighton (1830-1896)

Lembro uma respiração apressada,
uns olhos que se fecham quando o céu se abre,
penas caídas numa corrente de palavras,
um bater de asas num erguer de braços,
o sol posto num fechar de pálpebras,
e o sol que nasce num abrir de olhos;

os cabelos soltos nos ombros
em ondas de um mar de setembro,
os lábios que suspendem o murmúrio
à passagem de um rio sem margem,
o riso que se espera e sonha
na boca onde a tarde perdura;

lembro o que é tão vivo
que já a vida o levou:
mão pousada e leve
no ramo que a ave deixou
ao ver, tão breve,
o amor que ali ficou.