À maneira de Eurídice
Folha que passou num antigo outono,
deixa atrás dela o que não se vê:
a direcção do olhar para um canto
de parede, onde um espelho a
reflecte. E vejo estes olhos
falarem, para que outros
olhos os desviem da imagem
defunta. Mas quando o meu olhar
se cruza com o seu, o reflexo
dissipa-se, como fumo de incenso;
e onde havia imagem e vida, só
um resto de pó ainda brilha,
no vidro, para que alguém o limpe,
e outro rosto apareça.
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