A a Z

quinta-feira, setembro 28, 2006

Tarde de espera

É possível que a tua atitude se resuma
a um desejo de alguém que há-de vir; talvez esperes
que toquem à porta, ou que os passos no corredor
façam com que te levantes, e um sorriso se abra
no teu rosto. O que é possível faz parte da vida,
quando te sentas, sem saber o que fazer, e só
os pensamentos te ocupam, nesse tempo que
perdes para ganhar todo o tempo do mundo. Mas
se ninguém chegar, se a casa estiver tão
silenciosa como quando te sentaste, se
a rua estiver tão deserta que nem vale a pena
ir à janela, e espreitar a última esquina,
não desesperes. O que hoje parece soar a vazio,
a solidão que entra pela sala com a luz
da tarde, o brilho estéril dos teus olhos,
tudo se dissipará quando a manhã futura
entrar na tua vida, e as tuas mãos
tocarem o murmúrio transparente
da primavera, jorrando como água
dos lábios que se aproximam
dos teus, e os acordam
para o amor.