Um rosto
Quantos séculos passaram pelos
teus olhos? Quis contá-los; mas não consegui
passar do princípio que os teus dedos
me deram, fechados para somas
e subtracções. O tempo é assim: doce
como este mel que escorre da tua boca,
quando nela procuro as palavras
que esconde; e amargo como a penumbra
que te envolve, numa celebração
de cinza. Mas dizias-me: «Uma certeza
protege-me.» E deixas-me a luz que te
ilumina, e o rosto a que nenhum inverno
roubou a beleza.
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