Sonho
as imagens que arrumo na prateleira do outono,
de onde as irei tirar nessa primavera que faz parte
do teu sonho. De novo, estabeleço uma relação
entre o rosto que se afasta do mundo e
o azul de um céu antigo, que serve
para guardar a linha do horizonte nas manhãs
em que a névoa a esconde. Ambos me afastam
da penumbra do poema, e quando derramo
esse azul sobre o teu rosto é como se a tinta
do céu te restituísse a cor da vida, e o riso
que ilumina a noite. Regresso então ao princípio,
que és tu, para roubar à tarde a sua quietação,
e desenhar com ela o teu perfil sobre o sonho
em que a primavera floresce.
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