A a Z

domingo, dezembro 30, 2007

Sonho


É uma quietação que nasce da tarde, com
as imagens que arrumo na prateleira do outono,
de onde as irei tirar nessa primavera que faz parte
do teu sonho. De novo, estabeleço uma relação
entre o rosto que se afasta do mundo e
o azul de um céu antigo, que serve
para guardar a linha do horizonte nas manhãs
em que a névoa a esconde. Ambos me afastam
da penumbra do poema, e quando derramo
esse azul sobre o teu rosto é como se a tinta
do céu te restituísse a cor da vida, e o riso
que ilumina a noite. Regresso então ao princípio,
que és tu, para roubar à tarde a sua quietação,
e desenhar com ela o teu perfil sobre o sonho
em que a primavera floresce.