Pescoço de opala
Ao escrever sobre o teu pescoço,
pergunto se há uma fórmula que o possa
descrever sem a corda de um erro. E
encontro uma opalescência mineral para
o envolver. Num colar translúcido
como coral, e com a cor que o decora, ponho
o teu pescoço no centro do poema. Faço
cair as palavras como a guilhotina
que o atravessa sem cortar sílabas
nem cabeça; e levanto à multidão
o teu pescoço, sem que o saibas, de costas
para mim, pensando que chegou a altura
de o cobrir com um lenço.
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