Zoologia: a esfinge
Tantas vezes a esfinge chamou o homem
que o homem deixou de a ouvir. «Que me
queres?», dizia-lhe. «Não te sei responder.» Mas
a esfinge voltava a chamá-lo. E o homem
respondia-lhe, como se não a tivesse ouvido. «Não
vale a pena fingir que não a ouço.» A esfinge
só queria que o homem desse por ela; se
não fosse assim, para que é que serve uma
esfinge? Mas o homem já sabia tudo sobre
a esfinge. «Não me perguntes nada», dizia-lhe. «Já
conheço todas as respostas.» E a esfinge
perguntava-lhe de que cor são os olhos da noite,
quantas manchas tem a lua, quem é que se
esconde por trás da chuva? O homem respondia:
«Os olhos são da cor do gato, são manchas
de café, é o vento.» Então, a esfinge saltava-lhe para
o colo. O homem não lhe tocava, com medo
que ela se assanhasse. E ela ronronava, como
se o homem lhe tivesse tirado todas as dúvidas.
<< Home