Conversa de praia
Ainda não era o verão, nem se ouviam
as cigarras no meio das dunas, nem o mar tinha
o azul habitual num céu sem nuvens. As
mulheres falavam do verão que havia de chegar;
e a sua voz trazia um eco dos ruídos que
enchiam o verão, como se elas fossem as deusas
que decidem a mudança das estações, ou
as suas palavras ditassem a certeza do tempo
que passa por sobre elas. Mas o vento
leva o que dizem numa outra direcção; e
não as ouço, como se o que elas dizem se perdesse
na paisagem de dunas em que o mar se
esconde. Mas o que o vento leva
voltará, um dia, quando o sol limpar a areia
das dunas, e as suas palavras surgirem
por entre conchas e pedras, para que
o ruído das cigarras as esconda na paisagem
em que o mar se vê.
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