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terça-feira, maio 02, 2006

A mulher do espelho

Pierre Bonnard (1867-1947)
Prepara-se para sair; e ao ver-se ao espelho,
fica presa à sua imagem, como se não quisesse
soltar-se dela. Ficará,
assim, nessa indecisão entre ser ela
própria ou abdicar de o ser, para que
a mulher do vidro não desapareça.
Mas se alguém a chama, da porta já aberta
para a rua, hesitará: ceder
à pressão da vida, ao apelo de fora,
ou continuar no interior do espelho,
onde ninguém saberá como encontrá-la?
E continua a apertar o botão
ao pescoço, protegendo-se
das portas que se abrem à sua frente.