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sexta-feira, agosto 18, 2006

Elegia


Se a manhã nascesse da tua ausência,
a névoa se dissipasse entre os teus dedos,
o frio orvalho secasse nos teus olhos,
a noite passasse sobre os teus ombros;

se a tua voz fosse mais do que memória,
as tuas palavras rompessem este silêncio,
um vento te sacudisse os cabelos,
os teus braços fossem um fim de viagem;

se um pássaro cantasse no teu rosto,
o céu se abrisse nos teus lábios,
as tuas mãos colhessem o sonho

em que o teu corpo se vestiu de música:
um sulco de sol afastaria a sombra,
um eco de vida encheria o vazio.