A a Z

quarta-feira, agosto 09, 2006

Paisagem

Carel Willink

O vento que desce das montanhas
destrói o caminho à sua passagem.
Recolho estátuas derrubadas
do seu sopro; respiro nele
o bafo de um deus subterrâneo;
ouço no seu arfar as maldições
da tempestade. Este vento
fala a linguagem dos milénios;
as árvores curvam-se sob
as suas frases; o homem
desaparece do seu horizonte.
Não serve de abrigo às aves;
as nuvens afastam-se para
que ele siga o seu curso; um
cume de neve não o irá deter.
Só uma nesga de azul, num canto,
anuncia o céu de amanhã.