Bailado
Olho-te no fundo desse poço
para que me empurras; e um reflexo de luz
faz com que estremeças, numa sugestão de vertigem,
derrubando com esse movimento todas as manchas
que te envolvem.
Às vezes, parecia-me que chegavas, de noite,
trazendo nos braços a seda do inferno. E a lâmpada
que acendia apagava-te, deixando apenas
um esboço de sombra na parede, perseguindo
o anjo da noite.
E os teus seios abrigavam-me da treva,
como as rosas lívidas do outono.
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