Acordar
Prefiro ao musgo das ninfas o calor
da tua pele, quando a tarde a envolve
com o seu bafo de fogo, e um vento
de folhas abstractas a percorre
numa florescência de desejo. Por
vezes, deitas-te com o azul
das palavras que nascem de
um vitral de murmúrios; ou
então, os teus olhos reflectem
todas as mãos que tocaram
os quatro cantos da tua vida,
antes que o teu sorriso ilumine
apenas o instante que a tua boca
transforma na eternidade
dos amantes. E ouço a música
lenta da tua respiração ritmar
um bailado de corpos num sulco
de chama, rompendo a teia
que nos prende com os dedos
brancos da madrugada.
<< Home