A a Z

quarta-feira, novembro 01, 2006

Destino




Nas feiras antigas, onde os homens passeiam
entre restos de comida e bancos partidos,
há uma boca que espera para
te ler a sina. Sentar-te-ás num tronco
de oliveira seca, estenderás a mão,
e ouvirás desfiar o teu futuro,
como se já o tivesses vivido. E
antes de pagar, podes ainda saber
que não precisas de sair de onde
estás, que o céu que fica sobre ti
conhece os passos que poderás dar,
e de nada te servirá tomar uma
outra direcção. Tudo está previsto:
menos o instante em que a leitora
do teu destino tirou o lenço que lhe
escondia o rosto, e os seus cabelos
se espalharam pela tua vida, mudando
para sempre o que acabaste de saber.