Dina com lenço
O pintor, que estava cansado de ter sempre os mesmos
modelos, foi buscar a sua amada para lhe servir de inspi-
ração. No entanto, ela disse-lhe que precisava de se
cobrir; e ele atou-lhe um lenço à cabeça para que ela
não aparecesse completamente despida. O pintor não
gostava de convenções; e ela também não. Apesar
disso, nesta imagem académica, ela desvia os olhos
para o lado, para que ninguém repare nela. O pintor,
porém, revela os seus segredos, sem se importar
com o que hão-de dizer à sua volta. E ela no fundo
não se importa com isso, fingindo que está
no intervalo de guardar patos, ou então que se isolou
das ninfas com quem falava, e que a aborreciam
com as suas conversas de deuses e de pastores. Porém, a
sua solidão é apenas aparente - e pede-nos apenas
que a olhemos com o sentimento de que está
à nossa espera para tirar o lenço da cabeça,
sacudir os cabelos, e sair do quadro.
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