A a Z

quinta-feira, maio 11, 2006

Um doce bilhete

Auguste Toulmouche

Não sei o que lê; mas atravessa a sala
como se o olhar a empurrasse em direcção
ao céu, onde a espera um destino de nuvem.

E demora-se na travessia das palavras
para a imagem, perdendo-se num beco
de bruma que a impaciência dissipa.

Os seus dedos desenham uma arquitectura
de sensações com o lápis do sonho,
riscando o rosto da melancolia.

E a areia do tempo escorre pelo seu
corpo, levando atrás dela o desejo
que a prende ao papel.