A a Z

domingo, maio 14, 2006

Mulher

Giacomo Grosso

Ocupa o centro, como um candelabro;
e a luz que nela se acende transmite-se
ao corpo, que brilha como oculto
diadema.

Vi-a, uma noite, sob o clarão
imenso do horizonte; desde então
apanho os fragmentos da sua imagem,
e colo-os de memória.

O seu rosto, porém, mantém-se
intacto sob as ramagens do tempo,
enquanto afasto folhas e flores para
o olhar num puro instante.

Que ela seja o alfa e o ómega
de todos os que sofrem de solidão;
e o seu ventre fecunde a terra
estéril da ausência.