A a Z

segunda-feira, março 17, 2008

Eterno retorno


No campo, são as mesmas árvores; no
céu, são as mesmas nuvens. Outras árvores
caíram, outras nuvens passaram; mas
o campo é o mesmo, e o céu não
mudou. A sua natureza é esta: permanecer
dentro da própria mudança.
O homem que aqui esteve, porém, já
não é o mesmo. Quando olha para as árvores
que mudaram a folha, e para o céu onde
as nuvens sucedem às nuvens, não se
reconhece. O tempo do homem não se
renova, nem a natureza lhe ensina
como ser o mesmo quando tudo muda.
Por isso, o homem deita as árvores
abaixo, não olha para o céu, e anda em
frente como se o campo lhe pertencesse,
e não às aves que se abrigam entre
as folhas. O tempo do homem é não saber
do tempo, nem ouvir o canto das aves que
pertence a este céu que já não existe.